terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Fantasma do Desemprego

Neste ano um dos maiores medos do cidadão comum é o desemprego. Sem sombra de dúvidas, isto é algo que assolará uma enormidade de famílias brasileiras, talvez argentinas também com o plano do novo presidente Macri. Grosso modo, como a China, principal comprador de produtos brasileiros, está em ritmo de crescimento menor, alguns acreditam que os dados sobre crescimento são superestimados (mais detalhes), o pensamento do povo e das empresas é de pessimismo, há tendência de recessão econômica em nosso país. Neste cenário desagradável, não se pode esperar outra coisa senão o corte de gastos tanto do governo como das empresas, o que gerá demissões em massa.

         O desempenho da indústria nacional tem sido péssimo, há pouca inovação, o que leva os produtos brasileiros à regionalização, não atingindo mercados globais. Ou seja, o Brasil continua sendo relativamente forte na exportação de commodities (produtos primários), mas sua indústria está em momento de fragilidade. O consumo no mercado interno caiu, o que coloca em risco o terceiro setor. Obviamente, alguns setores crescem na crise, principalmente produtos substitutos de itens de maior necessidade; tais como a venda de carne de porco e salsichas em substituição à carne bovina. Como estamos em uma intensa rede de trocas de bens e serviços, setores como as Universidades também sentem os impactos do corte de gastos. Recentemente, um ex professor do grupo Anhanguera (Confira aqui na íntegra) relatou demissões em massa, com propostas de reajustes salariais e diminuição de remuneração. A mudança de gestão destes grupos tem a bandeira de fazer mais com menos gente.


(foto de https://neoliberalismohistoria.wordpress.com/)


         Ora, com a crise se intensificando existe mais tendência de concentração de renda. O governo já anunciou cortes em planos sociais, o Minha Casa Minha Vida sofrerá cortes de mais de 7 bilhões de reais em 2016 (confira). Os governos estaduais arrecadaram menos ICMS, que financia universidades, transportes, serviços. Concursos públicos serão congelados, estaremos no limite para cumprimento constitucional de serviços públicos. Ou seja, o corte de investimentos públicos aumenta a conta do desemprego, quem deixa de contratar com o poder público demite ou deixa de contratar. Em geral, as vítimas das demissões são pessoas bem remuneradas ou com longo tempo de casa. Isto porque as empresas preferem contratar jovens com salários menores e aguardar a enxurrada de processos trabalhistas que surgirão neste próximo biênio. Resta às famílias torcer por trabalhos temporários, freelancers, ou investimento em seu próprio negócio; porque dificilmente alguém irá contratar com muito afinco neste período de incerteza.

         Alguns economistas do século XIX acreditavam que o desemprego era causado pela não aceitação do trabalhador em receber salários menores do que julgavam merecer. Curiosamente, estamos mais próximos de observar um exército de trabalhadores em situações precárias e de subemprego. O centro do conflito social não se deve tanto às bases culturais, étnicas, religiosas, futebolísticas ou sexuais; mas sim às relações de trabalho. As crises econômicas são sempre um barril de pólvora, espera-se que o povo brasileiro consiga achar o seu fio de esperança em uma guinada econômica positiva. Até porque a previsão de melhora é 2018, com algumas ressalvas, porque esta crise tem um quê de falha estrutural de nossa economia. Se a solução de 2008 foi o consumo interno, crédito e otimismo, neste ano há pouco crédito, nenhum otimismo e muito medo. Portanto, o fantasma está sobre nossas cabeças e não é o fantasma da B, mas o fantasma do intenso neoliberalismo econômico na América Latina.


Nenhum comentário:

Postar um comentário